Mulheres africanas lutam por um futuro para além do extrativismo

A extração em larga escala de minerais, petróleo e gás, água, peixe e produtos florestais, bem como novas formas de energia, como a hidroeletricidade e formas industriais de agricultura, levam à apropriação ilegal de terras e de água, principalmente por empresas transnacionais. Ao mesmo tempo, os lucros económicos obtidos com a venda global dos recursos naturais são reservados às elites económicas e políticas. O modelo não melhora a vida das comunidades pobres que vivem em terras onde o extrativismo domina.

As consequências para as mulheres são especialmente graves: continuam a ser fornecedoras de matérias-primas e de mão de obra baratas. Sofrem com a grave degradação ambiental e, ao mesmo tempo, debatem-se com condições de trabalho inseguras, violência e conflitos. No entanto, em muitos países, a resistência a este sistema de exploração está a aumentar. As mulheres formam coligações de empoderamento e desenvolvem ideias alternativas, por exemplo, em Moçambique.

Ouça as vozes das mulheres da HIKONE:

ESTAMOS AQUI! Isto é o que significa HIKONE quando traduzido à letra. Fundado em 2013, somos um movimento feminista que resiste à exploração socioeconómica e cultural sistémica das mulheres. Estamos unidas na nossa oposição contra a economia extrativa. Este sistema capitalista valoriza o consumismo, o colonialismo e o dinheiro em detrimento das pessoas e do planeta. Exigimos que os nossos direitos humanos sejam respeitados! Defendemos o acesso à educação e o controlo sobre a nossa terra e os nossos meios de subsistência. Construímos e fortalecemos grupos de mulheres rurais que vivem em áreas extrativistas e de conflito. Ao longo do tempo, estabelecemos coletivos de resistência locais em várias províncias.

Como trabalhamos para a mudança? Promovemos sessões de reflexão sobre o impacto do extrativismo e do atual modelo de desenvolvimento económico na vida das mulheres. Organizamos campos políticos para conectar mulheres e convidá-las a discutir desafios comuns e encontrar alternativas. Oferecemos formação sobre o quadro legal da indústria extrativa, procedimentos de compensação, realojamento, direitos e benefícios para as comunidades afetadas.

Os nossos centros comunitários são um bom exemplo do mundo que queremos ajudar a construir, onde as mulheres têm oportunidades de compartilhar, aprender e implementar atividades económicas ecologicamente conscientes, como a agricultura familiar, a agroecologia, o processamento de produtos agrícolas, a produção de fogões economizadores de lenha, a produção de árvores frutíferas nativas, o marketing agrícola, a poupança e o comércio informal. Desta forma, estamos a fortalecer o Movimento Feminista na resistência ao extrativismo.

Sim, HIKONE - ESTAMOS AQUI, e vamos ficar aqui! Porque precisamos de coligações fortes e de mulheres empoderadas para uma economia justa.